segunda-feira, 30 de julho de 2007

Dois Cabos do 6º Bis são Presos em Brasília com 17 Quilos de Cocaína



A Delegacia de Entorpecentes da Polícia Federal no DF desmontou ontem uma quadrilha interestadual de tráfico de drogas que atuava em Brasília. O grupo trazia 17,8 quilos de cocaína da cidade boliviana de Guayará Mirim e utilizava como "mulas" (nome dado aos transportadores de drogas), cabos do Exército Brasileiro sediados em Rondônia.
Cinco membros da quadrilha já estão presos e à disposição da Justiça, mas a investigação continua para chegar ao restante do bando. Com o montante apreendido o total de cocaína recolhida pela PF/DF, de janeiro a julho deste ano, chega a 107 Kg, quantidade maior que toda a apreensão da droga feita no ano passado, que foi de 90,2 Kg.
A cocaína foi encontrada no tanque de gasolina do carro em que viajavam os militares Ednilson Soares de Carvalho e Nilton Dorado Pereira, membros do 6º Batalhão de Infantaria da Selva. Os dois foram encaminhados ao Batalhão de Polícia do Exército. Outros três membros da quadrilha – Paulo Sérgio da Silva (Chocolate), Antônio Dionizio Guerra (Galego) e Osmar Marcelino Lacerda (Manquinho) – estão na carceragem da Polícia Federal à disposição da Justiça.
A apreensão representa para os traficantes um prejuízo de R$ 200 mil. Caso os 17,8 Kg de cocaína pura fossem "batizados" (processados para distribuição) se transformariam em 45 Kg para venda aos usuários. Segundo a superintendente regional da PF/DF, Valquíria Souza Teixeira de Andrade, a prisão dos envolvidos é fruto de uma investigação que durou cerca de dois meses.
Traficantes já condenados e em liberdade após cumprirem suas penas, Chocolate e Galego são de Brasília e viajaram à Bolívia para comprar a droga na cidade de Guayrá Mirim. Os dois atravessaram a fronteira sem problemas e se hospedaram na cidade de Guajará Mirim, município de Rondônia.
Lá, contrataram os cabos Ednilson e Nilton para fazer a viagem de 2.589 quilômetros de Porto Velho a Brasília. A droga foi embalada em 15 pacotes envolvidos em balões grandes de festa infantil e colocados no tanque do Astra, placas NCF 4440, de propriedade do cabo Nilton.
Durante a viagem, os dois militares passaram por quatro barreiras – duas da Polícia Rodoviária Federal e duas da Polícia Militar – que não notaram irregularidades. Chocolate e Galego vieram para Brasília em um vôo Porto Velho-Brasília, da Gol. Não viajaram em cadeiras próximas nem desembarcaram juntos, mas pegaram o mesmo táxi no Aeroporto Juscelino Kubitschek.
Do aeroporto os dois seguiram para o Hotel Kingston, no centro de Taguatinga. Lá, foram visitados por Manquinho – foragido da Justiça duas vezes condenado por homicídio – que vinha buscar sua parte (8 Kg) do carregamento da droga . Os três seguiram no Kadet dele, placas JEG 1877, para o Parkshopping , onde se encontraram, no estacionamento próximo à Riachuelo, com os dois militares que chegavam da viagem de carro. Às 20h20 a equipe da Delegacia de Entorpecentes efetuou a prisão.


Os cabos do Exército Ednilson Soares de Carvalho e Nilton Dorado Pereira confessaram que receberam R$ 11 mil para trazer a droga de Rondônia a Brasília. O pagamento, informaram, foi pago adiantado. A droga, embalada em 15 pacotes e envolta em balões grandes de festas infantis, foi colocada no tanque de gasolina do Astra do cabo Nilton. Como a cocaína ocupava muito espaço, os dois tiveram de fazer um rigoroso controle no gasto de combustível para não ficar sem gasolina durante o trajeto de 2.589 quilômetros de Porto Velho a Brasília.
Foi o papel de controle do gasto de combustível que levou a equipe da Delegacia de Entorpecentes da Polícia Federal do DF a descobrir o esconderijo dos 17,8 quilos de cocaína. O cheiro de gasolina chegou a confundir os cães farejadores, mas os policiais, seguros dos resultados da investigação, abriram o tanque do automóvel em busca da droga.
Essa dificuldade, somada ao fato dos dois ocupantes do veículo serem militares, foi que permitiu que Ednilson e Nilton não fossem pegos em quatro barreiras policiais ao longo do trajeto. Usando uniformes e equipamentos do Exército Brasileiro, quando eles eram parados mostravam suas identidades funcionais e informavam que estavam viajando a Brasília para participar de um curso de treinamento. Com isso, não levantavam suspeitas e passavam sem problemas.
Outro membro da quadrilha que confessou sua participação no episódio foi Paulo Sérgio da Silva (Chocolate). Os outros dois – Antônio Dionizio Guerra (Galego) e Osmar Marcelino Lacerda (Manquinho) – declararam que só darão depoimento à Justiça.
O grupo pode pegar uma pena que varia de cinco a 15 anos por tráfico de drogas e mais outros dez pelos agravantes de participação em rede de tráfico internacional, tráfico interestadual de drogas, associação para a prática de crime, entre outros. Os militares responderão, também, pelo uso de identidade funcional para a prática de ato ilegal.