
A mudança mais visível da TV digital, que começa a ser transmitida em São Paulo neste domingo, é a qualidade de imagem. A TV analógica é sujeita a ruídos e interferência nas transmissões. Nas grandes cidades, o sinal é refletido pelos prédios e chega em múltiplas cópias, com atraso, aos receptores, ocasionando os famosos "fantasmas" na imagem. Em casa, aparelhos como liquidificadores, secadores de cabelos e máquinas de lavar podem causar interferência na imagem, como "chuviscos", quando ligados. Antenas internas são ineficientes (apesar da palha de aço...), e para receber uma boa imagem você precisa investir em uma antena externa ou, em prédios, em uma antena coletiva.A TV analógica é sujeita a estes problemas porque a imagem é codificada como variações na frequência, amplitude e intensidade de um sinal de rádio. Qualquer aparelho ou transmissor operando em uma frequência próxima pode distorcer o sinal. E se ele estiver fraco, a TV não consegue decodificar a imagem.Já as transmissões digitais são uma longa corrente (stream) de bits, zeros e uns. Variações no sinal não afetam a imagem, já que algoritmos de correção de erros permitem reconstruir (até certo ponto) pedaços do sinal que porventura tenham sido corrompidos ou perdidos. A intensidade do sinal não é crucial, basta que ele esteja presente. É como quando você está falando ao celular. Não importa se a tela mostra a força do sinal como cinco ou três barrinhas, você ainda consegue falar, desde que haja barrinhas (ou sinal)Mas ao contrário do que a indústria diz, a recepção não é apenas "zero ou um". Se houver perda severa de parte do sinal, a imagem na tela pode se tornar um amontoado de quadradrinhos coloridos, o áudio pode engasgar ou tudo pode congelar. Quem tem TV via satélite, como Sky ou DirecTV, ou já tem sinal digital na TV a cabo, provavelmente já viu algo semelhante acontecer durante uma tempestade mais forte.