segunda-feira, 10 de setembro de 2007

CFF alerta mulheres que usam Viagra

Preocupada com o crescente número de mulheres que usam estimulantes sexuais, medicamentos comuns para homens com problemas de ereção, seja orgânico (40% dos casos) ou psicogenético (60%), a secretária-geral do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Lérida Vieira, disse ser preciso um trabalho de conscientização da população para os riscos dessa prática, adotada principalmente na fase pós-menopausa. De acordo com Lérida, a facilidade da compra do Viagra e a disponibilidade do medicamento na internet são dois pontos combatidos pelo CFF com a proposta de contribuir com a diminuição de problemas de saúde acarretados pelo consumo indevido de estimulantes sexuais sem a prescrição médica necessária. “Vemos um aumento significativo no consumo de Viagra por mulheres. Em muitos casos, elas consomem o medicamento sem a orientação necessária e ao invés de surtir um efeito positivo acarretará uma série de transtornos indesejáveis à saúde, inclusive a morte em decorrência de um ataque cardíaco”, explicou. Estudos clínicos revelaram que a sildenafila (composto existente no Viagra) tem propriedades vasodilatadoras sistêmicas que resultam em uma diminuição transitória na pressão sangüínea. Tomado de forma indevida e sem prescrição médica, o medicamento pode causar eventos cardiovasculares graves, incluindo infarto do miocárdio, morte cardíaca repentina, arritmia ventricular, hemorragia cerebrovascular e ataque isquêmico transitório em associação temporal. A ginecologista e obstetra Ana Lúcia Cavalcanti, doutora em sexualidade pela Universidade de São Paulo, explicou que as mulheres optam pelo estimulante sexual quando o estrogênio (hormônio feminino) alcança níveis baixos, causando, também, a diminuição do apetite sexual. “Na pós-menopausa, além da falta hormonal, há menor elasticidade dos vasos sangüíneos, que levam sangue para a pélvis quando há excitação. O estimulante sexual é vasodilatador e tem o poder de compensar esses problemas”, alertou. Uma série de estudos foi realizada pela Faculdade de Medicina da USP, para comprovar se algumas mulheres tinham, realmente, aumento da excitação por meio de Viagra. Após ingerirem o medicamento, as voluntárias que tomaram o estimulante sexual por 15 dias tiveram um aumento da circulação sanguínea na região clitoriana, o que facilita o prazer sexual feminino e aumenta a intensidade do orgasmo. Já em Montreal, Canadá, uma pesquisa revelou que das 202 mulheres que consumiram o medicamento durante três meses, 57,4% relataram uma melhora nas sensações de prazer na região genital, ficando mais excitadas. Além disso, 41,5% revelaram que tiveram uma maior satisfação na cama. Mesmo com todos os benefícios e sendo aparentemente inofensiva, a auto medicação é condenada por médicos e especialistas da área”, reforçou a secretária-geral do CFF.