segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Tornado atinge região do Segundo Distrito em Ji-Paraná

Ji-Paraná, região central de Rondônia sentiu nesta segunda-feira, o medo e efeitos de um dos fenômenos mais raros, destrutivos e impressionantes da natureza: O tornado. Os impactos da tormenta impressionam pela força destrutiva e espaço territorial que o fenômeno atingiu colocando a cidade em Estado de Emergência.
O calor tórrido de 27°C às 3 horas na madrugada desta segunda-feira já denunciava que o choque térmico com uma frente-fria vinda do Sul seria fatal. Em questão de duas horas, o céu mudou completamente passando de uma total calmaria sem nenhuma nuvem, com a lua brilhando cheia e clara, para um cenário totalmente tempestuoso, com raios e nuvens muito carregadas. Até às 5 horas, nenhum indicativo de vento forte foi notado na região, totalmente contrário do que sempre acontece em episódios de frentes-frias que atingem o sul da Amazônia provocando o fenômeno da friagem.
Quando o relógio marcava 05h13min, milhares de pessoas que estavam deixando suas casas para o trabalho ficaram diante de uma tormenta imaginável até então, de ocorrer nesse ponto do Brasil. Um enorme redemoinho de coloração marrom desceu rapidamente próximo ao rio Machado, já Zona Leste da cidade sugando tudo o que encontrava pela frente. Muitas pessoas se desesperaram, pois o barulho das rajadas de ventos e gente gritando nas casas parecia cena de filme de ficção. Em um curto espaço de tempo, o funil do tornado atingiu o solo destelhando casas, estabelecimentos comerciais, arrancando árvores enormes pela raiz, tombando carros, arremessando placas de sinalização à distância e deixando uma marca incrível de destruição. A tormenta não durou mais que 3 minutos no solo, mas foi suficiente para provocar uma faixa de destruição de pelo menos 2 km de extensão. Os dados de um anemômetro (aparelho que mede a direção e velocidade do vento) no campo experimental da Embrapa, indicaram rajada máxima de 149,8 km/h. A tormenta que foi muito localizada apenas na Zona Leste da cidade, não influenciou na medição da PCD (Plataforma de Coleta de Dados) que está instalada no SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia) próximo ao aeroporto José Coleto, que registrou máximo de vento de 68,5 km/h.
Em muitos pontos, as cenas vistas nas primeiras horas da manhã de hoje, davam a crer que um bombardeio atingiu Ji-Paraná. A força do tornado, até hoje o segundo e mais forte já registrado em Rondônia, deixa marcas irreparáveis e um prejuízo estimado até agora em R$ 1 milhão.
Estragos
No bairro Nova Brasília, uma quadra da paróquia São José teve a cobertura completamente arrancada pela força dos ventos. Segundo os diretores, o prejuízo está estimado em R$ 500 mil. Capas de folhas de zinco foram arremessadas por mais de 300 metros de onde o fenômeno passou. Em um posto de combustível, na saída para Presidente Médici, vários postes foram derrubados e outros ficaram segurados apenas pelos cabos de fios de alta tensão. No mesmo local, um telhado inteiro de um posto de combustível desabou sobre veículos causando prejuízos. Ainda na mesma região, próximo ao rio Machado, um torre de 50 metros de altura de uma empresa de segurança, foi arrancada do chão tendo sua ferragem totalmente retorcida pela força do vento. Próximo às margens da rodovia BR-364, na saída para Presidente Médici, duas torres de 73 metros de altura cada uma, de uma emissora de rádio e televisão, também foram arrancadas do chão pela força do tornado. As ferragens se contorceram a tal ponto, sendo que não há o que se aproveitar da estrutura. Segundo o diretor da rádio e da televisão, os trabalhos de recuperação devem demorar no mínimo 30 dias. Na BR-364 placas de sinalização foram arrancadas do chão e outras de publicidade lançadas do lado oposto da pista.Em toda a extensão onde o funil do tornado tocou o solo, pelo menos 150 árvores foram derrubadas ou sofreram danos. Vários bairros ainda continuam sem energia elétrica devido ao tombamento de muitos postes. Apesar de toda a tormenta jamais vista na região, apenas ocorrências de pessoas com escoriações e pequenas fraturas foram registradas. Se o evento tivesse ocorrido horas depois, no chamado horário de pico, talvez o saldo da tempestade tivesse sido muito mais negativo. No horário em que o fenômeno ocorreu, grande parte da população ainda estava em suas casas. Milhares de casas estão sendo reconstruídas. Pelos dados da Defesa Civil, mais de 350 residências foram atingidas pelo vento forte e a precipitação de granizo. Cerca de 10 famílias estão desabrigadas a espera de ajuda na cidade. Esse é o terceiro vendaval que ocorre na região de Ji-Paraná em menos de 30 dias, com registro de ventos superiores a 60 km/h e precipitação de granizo.