terça-feira, 15 de abril de 2008

Ivo Cassol tenta reduzir estragos provocados pelo Fantástico.

Visivelmente nervoso – nem de longe aparentando a segurança que sempre marcou suas aparições na televisão -, o governador de Rondônia, Ivo Cassol (sem partido), teve que abandonar a administração do Estado para defender a si, ao filho e ao sobrinho e, ao mesmo tempo, utilizar as emissoras de TV que mantém contratos publicitários com o Governo para tentar diminuir o estrago provocado pela reportagem exibida no Fantástico deste domingo.

Na reportagem da Rede Globo aparecem o governador, Adriano Scopel, chefe da máfia capixaba, e Ivo Júnior Cassol tomando café num hotel no Rio de Janeiro. Em seguida aparece Ivo Júnior num jantar com Scopel num dos restaurantes mais caros do Rio. Dias depois do encontro, o Governo liberou as importações da TAG que estavam suspensas. Segundo a Polícia Federal, como pagamento por ter marcado a reunião, Ivo Júnior foi presenteado pelos donos da TAG.

Cassol deu entrevistas a todas as emissoras, sempre batendo na mesma tecla: “Meu filho é inocente”. Mas em nenhuma das entrevistas conseguiu explicar porque Ivo Júnior Cassol aceitou receber de presente da máfia dos carros importados subfaturados acesso a camaratore na Fórmula 1 em São Paulo e depois marcou o encontro entre o chefe do Poder Executivo Estadual, no Rio de Janeiro, e o chefe da máfia capixaba, Adriano Scopel.

Algumas entrevistas serviram para comprovar que a primeira história inventada pelo Governo do Estado para tentar justificar o favorecimento à TAG não era verdadeira. Na semana passada, o Departamento de Comunicação do Governo (Decom) distribuiu notícia à imprensa sustentando que os benefícios de 85% de isenção concedidos à TAG teriam sido aprovados pelo Conder (Conselho de Desenvolvimento do Estado de Rondônia), mas bastou uma nota no blog do jornalista Paulo Andreoli, do Rondoniaovivo, para o Governo abandonar esta versão (saiba mais).

Paulo Andreoli demonstrou que o benefício fiscal da TAG não passou pela análise do Conder e foi concedido a partir de decisão do próprio governador e do secretário de Finanças de Rondônia, José Genaro. Não existe, segundo descobriu Andreoli, nenhuma ata da reunião do Conder que tenha aprovado o benefício para empresa da máfia capixaba.

Nas entrevistas que deu nesta segunda-feira, Cassol chegou a defender a TAG. No programa apresentado pelo ex-deputado Everton Leoni e pelo jornalista Léo Ladeia na TV Candelária (Record), o governador surepeendeu ao afirmar que os benefícios fiscais da TAG e de outras empresas vão continuar, isso após afirmar – desmentindo a matéria do Decom – que, no caso envolvendo empresas exportadoras e importadoras, os benefícios são mesmo concedidos pela Secretaria de Finanças, independentemente do Conder.

Cassol falou até de uma autonomia da Sefin para tomar esse tipo de decisão, tentando empurrar a responsabilidade unicamente para Genaro, cujo nome aparece nas gravações da PF como suposto destinatário de parte do dinheiro pago pela máfia ao ex-senador e empresário Mário Calixto, dono do jornal O Estadão. De acordo com as investigações, Calixto se apropriou de todo o dinheiro - inclusive da parte supostamente destinada a pagar propina ao secretário de Finanças de Rondônia para facilitar as transações da TAG no Estado.