segunda-feira, 7 de abril de 2008

PRISÃO DE MÁRIO CALIXTO: PF CONFIRMA ENVOLVIMENTO DE EMPRESÁRIO COM ESCÂNDALO DO ESPÍRITO SANTO.

Mesmo não adiantando detalhes, a Polícia Federal (PF) em Rondônia confirmou que a prisão do empresário Mário Calixto Filho, do Jornal “O Estadão do Norte”, bem como buscas em sua residência e na sede de sua principal empresa, devem-se a investigações realizadas no Espírito Santo sobre fraude em importações e evasão de divisas. As ações em Porto Velho fazem parte da Operação Titanic, desencadeada naquele Estado, São Paulo e Minas Gerais. Segundo a imprensa do Espírito Santo e agências noticiosas pelo país, a operação teve início a partir de investigações realizadas pela PF e pelo Ministério Público Federal, que conseguiu na Justiça a prisão temporária de 23 integrantes da quadrilha que atuava na importação subfaturada de automóveis e mercadorias de alto luxo. Ao todo, foram presas até agora 16 pessoas no Estado e outras três em São Paulo. A lista com os nomes dos detidos ainda não foi divulgada pela Polícia Federal. Um dos investigados, um capixaba que está nos Estados Unidos, será preso pelo FBI e deportado para o Brasil. Em Rondônia, a Superintendência da PF diz que aguarda Nota Oficial do Espírito Santo para se pronunciar oficialmente.Os golpesCapitaneada pelo empresário capixaba Adriano Mariano Scopel, proprietário da empresa Tag Importação e Exportação de Veículos Ltda., uma das maiores importadoras de veículos de alto luxo do país, a quadrilha utilizava o Terminal Portuário de Peiú, um dos mais importantes da Região Metropolitana de Vitória, como pátio de negócios, no qual atuava sem qualquer interferência.O detentor da exploração da concessão do terminal de Peiú é o pai de Adriano, o empresário Pedro Scopel, sócio do filho na Tag Importação e Exportação. Os dois estão presos na Superintendência da Polícia Federal, em São Torquato, Vila Velha. Adriano Scopel foi encontrado na residência dele, na Praia da Costa, Vila Velha. Para entrar, os policiais federais tiveram que arrombar a porta do apartamento. Na saída, o empresário deu a seguinte declaração: "essa prisão é injusta". Scopel, algemado, foi conduzido à sede da Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo, em São Torquato, Vila Velha. O pai dele foi detido na própria residência, no bairro Mata da Praia, em Vitória. Outra pessoa acaba de ser detida na Ilha do Frade, em Vitória, mas ainda não teve o nome revelado.De acordo com informações do Ministério Público Federal, só no último ano, a sonegação fiscal praticada pela organização criminosa resultou em um prejuízo aos cofres públicos de pelo menos R$ 7 milhões. As investigações revelaram que a fraude se dava com a participação de empresários brasileiros e estrangeiros, contadores, servidores públicos, advogados e corretores de câmbio.Entre os crimes cometidos pela quadrilha estão corrupção de servidores públicos, contabilidade fictícia, inserção de informações falsas em contratos de câmbio com vistas a promover evasão de divisas, descaminho, lavagem de bens e capitais, corrupção passiva e tráfico de influência. Empresas situadas nos Estados Unidos e no Canadá também contribuíram para que a fraude fosse efetivada.Para escapar da fiscalização estatal, a quadrilha conseguiu montar em torno de si uma espécie de escudo graças à concessão de vantagens ilícitas a servidores públicos, entre os quais estão quatro auditores fiscais da Receita Federal, três deles do Espírito Santo, e um servidor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). ComandoAdriano Scopel controlava todas as vertentes de atuação dos demais membros da quadrilha. Para a efetivação da fraude, ele se utilizava do corpo funcional da Tag Importação e Exportação, mas a organização criminosa também possuía tentáculos no exterior e em diversos órgãos públicos brasileiros. Adriano Scopel controlava as compras dos automóveis e das mercadorias de luxo no exterior, a cotação de câmbio para a realização das operações, a cooptação de empresas responsáveis pela remessa de dinheiro ao exterior, a contabilização dos lucros e a distribuição de propina. Para o Ministério Público Federal, a decretação da prisão temporária dos principais integrantes da quadrilha é fundamental para a completa elucidação dos fatos. A prisão temporária tem duração de cinco dias e serve principalmente para a oitiva dos investigados e para evitar qualquer movimentação que tumultue a coleta de provas. InvestigaçõesAs investigações da Operação Titanic tiveram início em janeiro de 2007 inicialmente para apurar notícias quanto ao registro irregular de embarcações junto à Capitania dos Portos do Estado do Espírito Santo. O aprofundamento das investigações, entretanto, acabou revelando indícios da prática de diversos outros crimes, especialmente em relação à importação subfaturada de veículos e bens de alto luxo.De acordo com informações do Ministério Público Federal no Espírito Santo, no curso das investigações, surgiram indícios da prática de crime de violação de sigilo funcional pelo então Superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Geraldo Guimarães. O Ministério Público Federal solicitou a instauração de novo inquérito policial para a apuração do caso e pediu que as testemunhas, entre elas o ex-superintendente da PF, sejam ouvidas logo no início das investigações. Luxo e destaque na sociedadeUm iate avaliado em US$ 1,6 milhão, que pertencia ao empresário Daniel Marostica, foi preso na Operação Farrapos desencadeada em São Paulo. A embarcação esteve no Espírito Santo desde o final do ano passado, quando foi vendida para o empresário capixaba Adriano Scopel. A lancha esteve retida na Capitania dos Portos por determinação da 6ª Vara Federal de São Paulo, que expediu um mandado de seqüestro do bem enquanto as investigações estiverem em andamento.Marostica é considerado o braço direito do megatraficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, de 44 anos, também preso na operação Farrapos. As empresas de Marostica serviam para lavagem de dinheiro de Ramirez.Lancha, LamborghinisOs empresários Adriano Scopel e o pai, Pedro Scopel, são proprietários da TAG Importadora – empresa responsável pela importação, em outubro do ano passado, dos seis Lamborghinis apreendidos pela Polícia Federal em São Paulo.O valor total dos seis Lamborghinis apreendidos no Salão do Automóvel, segundo a Polícia Federal, chegava a R$ 7,8 milhões. O valor do desfalque em tributos que teria sido causado pela importação irregular dos automóveis, segundo cálculos da época, atingia R$ 1,1 milhão.
Fonte: RONDONIAGORA e REDE GAZETA (ES)