quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Emergência: Fumaça chega ao extremo em Rondônia

Não há mais espaço para a fumaça se dispersar nesse lugar. Por onde se anda, independente de dia, hora e lugar, a única coisa que vemos e respiramos é uma quantidade absurda de monóxido de carbono, dióxido de carbono, metano e outros gases oriundos de emissões antropogênicas, aquelas geradas pelo ser humano.
Em Rondônia, a quantidade de queimadas, aliada a baixa umidade relativa do ar e a ausência de ventos nas camadas médias da atmosfera, tem favorecido em aglomerados intensos de fumaça, o que é incômodo para muita gente. Muitas pessoas estão procurando hospitais e postos de saúde de todo o Estado, com problemas respiratórios, viroses e micoses, devido a secura do ar conjugada com tanta poluição. As crianças e idosos são os que mais sofrem nessa época do ano, quando a mucosa das narinas, principalmente, fica muito irritada dificultando a passagem de oxigênio, isto é, pelo pouco de oxigênio presente na atmosfera, se assim ainda podemos considerar que há ar para respirar. . . A imagem do satélite MODIS da NASA mostra uma quantidade absurda de queimadas e fumaça no norte de Mato Grosso. Como o vento nas camadas médias da atmosfera, algo em torno de 3 mil metros de altitude, sopra no sentido leste-oeste, toda fumaça produzida entre Mato Grosso, sul do Pará e do Amazonas acaba seguindo para Rondônia. O ano de 2007 entra para o calendário climático como o "ano do fogo" no Brasil. . . Esta é a visão de quem passa pela ponte sobre o rio Machado em Ji-Paraná. Olhando no sentido norte, ou seja, em que o curso do rio deságua seguindo para Machadinho d' Oeste, 500 metros de distância não mais que isso, não se enxerga mais nada. (Foto: Efraim Caetano) . . Pelo outro lado da ponte, no sentido sul, lado da nascente do rio, a fumaça é inacreditável fazendo com que até mesmo a "ilha do coração" localizada ao centro do Machado desapareça em meio a tanta fumaça. (Foto: Efraim Caetano) . . Assim foi a visão da atmosfera em Ji-Paraná por quase toda esta terça-feira. Céu totalmente nublado pela intensa fumaça, visibilidade horizontal muito reduzida e motoristas trafegando com os faróis ligados próximo a Avenida Transcontinental, no Segundo Distrito. (Foto: Efraim Caetano) . . Densa camada de poluentes escureceu o céu em Ji-Paraná em plena metade do dia. Sem sol e com essa concentração de fumaça no ar, o resultado são filas e mais filas de pessoas com problemas de saúde em postos e hospitais. . Outro grave problema da intensa fumaça é a visibilidade horizontal nos meios de transporte. Os aeroportos de Vilhena, Ji-Paraná, Guajará-Mirim e Porto Velho, começaram a semana operando mediante instrumentação, pois a mesma ficou restrita a menos de 1500 metros em todas as cidades. Segundo normas da INFRAERO, quando a visibilidade horizontal é inferior a 1600 metros, todas as operações de balizamento nas pistas só podem ser efetuadas mediante instrumentação técnica, enquanto que na maioria dos aeroportos de Rondônia, a medida de 1600 metros é quase o limite das pistas em extensão. Nas rodovias todo cuidado deve ser redobrado, principalmente nas primeiras horas do dia e no inicio da madrugada, horário em que a camada de ar mais fria presente próximo à superfície forma a chamada "bruma", como um nevoeiro, embora formado totalmente de poluição. Foi a falta de visibilidade ocasionada pelas queimadas que resultou em um grave acidente com 7 veículos em agosto, próximo a Vilhena. Nos portos a situação é a mesma. O perigo para as embarcações, além da baixa no nível dos rios, com bancos de areia e pedras, também está ligado totalmente à falta de visão pela fumaça. Em vários trechos, a visibilidade é tão ruim, que 500 metros adiante não se enxerga mais nada. Os níveis de gases poluentes gerados pelas queimadas entre o norte de Mato Grosso e Rondônia é alarmante. A região lidera no ranking de poluição no Brasil ganhando até mesmo de regiões largamente industrializadas como Cubatão, em São Paulo, por exemplo. A previsão é de chuva no fim de semana em todo o Estado, mas como ainda há muita queimada na Bolívia e em Mato Grosso, céu azul anil em Rondônia, não será visto por tão breve.